Jéssica Iancoski
Ribeiro Couto - Poema Chuva | Adaptação história infantil em áudio
Ribeiro Couto foi escritor brasileiro.
Ele escreveu contos, romances e poemas.
Pensando em homenagear este escritor, criamos uma versão de história infantil para um de seus poemas.
O Poema se chama Chuva.
Antes de Irmos para a história porque não conhecer este lindo poema?
https://www.jessicaiancoski.com/post/ribeiro-couto-poema-chuva
Porque a Chuva Chove
No décimo nono episódio de Histórias para Dormir criamos uma história infantil com base no poema do escritor Ribeiro Couto.
A História Porque a Chuva Chove conta sobre uma mãe e um filho que em um dia chuvoso conversam sobre a chuva, tentando descobrir por que a chuva chove.
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Lá essa história é contada com trilha sonora!
Confira aqui:
Podcast História para Dormir - Contos infantis em áudio
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História Infantil em Áudio: - Porque a Chuva Chove - Ribeiro Couto e Jéssica Iancoski
Tinha chegado o final de semana e isto queria dizer para Rui que ele não precisaria ir para a escola e que era um dia que ele poderia brincar muito no quintal de casa - o final de semana é uma das poucas coisas que todas as crianças e todos os adultos continuam sempre esperando.
Mas naquele final de semana, o clima não amanheceu bem… Porque amanheceu chovendo e Rui teve que ficar a manhã toda trancado dentro de casa, sentindo muito tédio e o pior sem poder brincar do que ele queria.

- Eu quero sair para fora brincar, mãe!
- Porque você não espera a chuva passar e daí você sai? Eu acho que é melhor assim, não gostaria que você ficasse resfriado.
- Mas eu queria muito sair brincar. É tudo culpa sua, não vou mais falar com você até a chuva passar - Rui respondeu revoltado.
E Rui continuou dentro de casa, em silêncio. Passou um tempo e logo Rui e a Mãe voltaram a conversar:
- A chuva fina molha a paisagem lá fora. O dia está cinzento e longo - disse a Mãe - será um longo dia!
- Será mesmo - respondeu Rui, fazendo uma voz com muito tédio e indignação.
- É incrível que sempre que chove o dia parece dobrar de tamanho, parece que ele insiste em ficar e não passar nunca. A gente tem essa vaga impressão de que o dia demora…
E a chuva fina continuava a cair fria. Continuava a cair pela tarde, lá fora. E dentro de casa onde Rui e a mãe se encontravam, fechados, os dois viam pela vidraça uma paisagem cinzenta. E Rui, ainda muito chateado, continua sem dizer muitas palavras, embora, às vezes, frases curtas escapassem da sua boca:
- A chuva fina continua, fina e lenta… - dizia Rui, quase chorando.
- E nós dois em silêncio aqui, um silêncio que aumenta se um de nós vai falar e recua depois - respondeu a mãe - é porque dentro de nós existe uma tarde mais fria que a chuva fina que cai lá fora… Ah! Então para que falar, não é mesmo Rui?
E Rui ficou em silêncio.

- Como é suave, brando, o tormento de adivinhar o que você está sentindo, não é mesmo, filho? Mas quem o faria se não eu? Porque sou mãe e eu conheço o que você sente e sei que você está bravo desse jeito porque você queria muito brincar no quintal. É fácil achar que a culpa é minha por não deixar, mas é difícil externalizar em palavras tanta chateação… - insistiu a mãe - mas a verdade é que não chove lá fora, as palavras que estão dentro de nós chorando… Nós dois somos como os rosais que, sob a chuva fria, estão lá fora no jardim se desfolhando. Tudo isto porque deixamos de falar as palavras que sentimos. Mas não é culpa nossa, muitas vezes sequer sabemos o que estamos sentindo. Então não teria mesmo como dizer.
- Você tem razão, mãe. Chove dentro de nós... Chove meluncolia... É assim que fala aquela palavra? Mas você sabe por que chove?
- Exatamente! Chove melancolia!

- Chove porque a água evapora e depois precisa cair, é isso que a professora disse lá na escola. - Disse Rui.
- É isso que faz a chuva lá fora. Mas e a chuva daqui de dentro? Não só por isso que chove... Chove porque a vida para nós é como a chuva, porque as palavras são como a chuva… e elas precisam cair.
E os dois voltaram a conversar:
- Mas na escola eu aprendi que a chuva chove porque quando está calor a água evapora dos oceanos imensos ou até mesmo das poças d’água bem pequenininhas. E isso fica acontecendo por vários dias, até que em um deles, muita água fica acumulada nas nuvens e então a água precisa cair, devolvendo essa água para os oceanos e acho que até mesmo para as poças d’água, se a gente pensar bem - disse o Rui
- Esse é um ciclo que não pode ser interrompido, porque se um dia parar de chover, é quase como se toda a água ficasse presa lá em cima e cada vez menos tivesse água aqui embaixo.
- Sem água quase não há vida. Porque precisa chover!
- Com as palavras são a mesma coisa, filho As palavras ficam dentro de nós e evaporam e um dia elas chovem em formato choro, quando estão muito acumuladas, como a chuva que acumula nas nuvens. Isso é a natureza, mas é também a tristeza, o medo, a solidão, a saudades.
- Você está dizendo que o choro está devolvendo as palavras que evaporaram?
- Sim, você já se perguntou por que a gente chora? Choramos porque sentimos e o sentimento precisa sair.
- Faz sentido. Se a gente chora porque se machucou, é a dor saindo. Se a gente chora porque não quer ficar no escuro, é o medo saindo. Se a gente chora porque está longe dos pais, é a saudades saindo. Mas o que aconteceria se parássemos de chorar?
- Eu não sei, acho que é impossível saber. Espero que a gente nunca descubra. Chorar faz bem. Chover faz bem. Veja as rosas lá no jardim, a gente disse que elas estavam perdendo as folhas, mas a chuva está regando todo o resto do jardim. Isto não pode ser de tudo ruim.

E os dois continuaram conversando, enquanto toda a chuva fina de lá de fora continuava caindo, até que caiu a última gota e parou de chover. E para a sorte de Rui, não era noite ainda e deu tempo de abrir um sol maravilhoso lá fora. E Rui saiu brincar no quintal, como estava esperando.
- Olha, mãe! Parou de chover, agora eu posso brincar!
- Está vendo, Rui? Depois da chuva costuma vir o sol! Acho que quero sair aí brincar contigo, me espera!
E Rui e a Mãe brincaram o resto do dia inteiro, deu até para cansar bastante e ter uma ótima noite de sono.
Perguntas para Guiar Descoberta de Interpretações
1. Você conseguiu entender por que a chuva chove?
2. Rui ficou muito entediado porque choveu no final de semana. O que você acha de dias chuvosos?
3. Você prefere dias com chuva ou de sol? Por quê?
4. O que você achou da mãe do Rui? Você entendeu quando ela disse que o choro pode ser uma chuva?
5. O que você achou dessa história? Mudaria algo nela? O quê?
Lembre-se: não existe resposta certa ou errada, quando o assunto é Literatura. No máximo, opiniões e interpretações diferentes!
Procure entender o que a história desperta e não o que ela significa!
O que você achou dessa história infantil em áudio? Conte para nós!
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