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  • Foto do escritorJéssica Iancoski

História para Dormir - O Ipê de Nadia. Conto pequeno para escutar e ler.

Nada como uma boa história infantil para hora de dormir! As crianças são muito inteligentes neste pedido e muitas vezes não reivindicam essa hora, pois intuitivamente reconhecem o poder que a Literatura Infantil exerce na elaboração do seu mundo interno.


Neste ponto, os adultos precisam aprender com as crianças, pois a Literatura Infantil é para todos, principalmente quando de qualidade. Convenhamos, é quase impossível encontrar alguém que não goste de uma boa história curta que faz pensar e sentir!


História Infantil curta ilustrada para dormir e para ouvir!


Nada contra a Cinderela, mas às vezes conhecer uma história infantil nova é muito bom! Por isto, sempre disponibilizamos histórias curtas para dormir gratis no nosso blog.


Nossas histórias infantis são curtas, ilustradas e ainda dão para ouvir! Vale a pena conferir!


Histórias para Dormir - O Ipê de Nadia


A história infantil O Ipê de Nadia é um conto curto para crianças e para adultos. Nadia e Lidi são melhores amigas inseparáveis, nem o tempo ou a ordem natural da vida conseguiu interferir...

 

O Ipê de Nadia - História de Jéssica Iancoski


Nadia já era muito adulta, ela tinha uns 14 anos, quando começou a mandar em si mesma e Lidi era a sua cachorrinha. As duas se conheceram quando Nadia era bem pequeninha e Lidi também. Elas viviam juntas por todos os cantos, exceto quando Nadia tinha que ir para escola ou quando Lidi tinha que ir no Pet Shop, mas só porque a mãe de Nadia achava

melhor assim. Tirando esses momentos, as duas eram inseparáveis.



O momento mais especial para Nadia e Lidi era quando as duas estavam no quintal de casa, correndo pelo gramado, rolando, e se sujando de terra. A mãe de Nadia ficava muito louca com isto:


- Nadia isso é modo de uma moça se comportar?

- É sim mamãe! - Nadia sempre respondia.


Nadia sempre achou que esses eram os momentos mais felizes do mundo e ela estava certa de que nunca os deixaria acabar. Nadia achava que a Lidi estaria com ela para o resto da vida, para sempre. Eu não sei porque ela pensou isso, mas acontece que Nadia nunca conseguiu acessar de verdade que a Lidi morreria um dia e quando esse dia chegou, ela não deixou acontecer.




- A Lidi não acordou bem hoje - a mãe de Nadia disse.

- Mas o que isso quer dizer, mãe?

- Que ela não acordou.

- Não tem problema, eu li que cachorros podem virar árvore.

- Como assim, Nadia? Cachorros são cachorros e árvores são árvores.

- Mas a Lidi não é mais cachorro agora, então ela pode ser árvore.

- Acho melhor não, essa ideia não me parece muito boa.

- Mas eu já sou grande e mando em mim e na Lidi, vai ser assim!

- Ok, ok, Nadia você ganhou.

- Mas mãe você que paga, tudo bem?

- Mas daí você que cuida, hein?!

- humm… Sempre cuidei!


E foi esse o acordo que as duas fizeram.


No mesmo dia, Nadia foi até o lugar em que cachorros são transformados em árvores. Era um pouco diferente do que ela achava. Nadia pensava que Lidi já sairia de lá com a nova vida feita. Mas não foi bem assim.


- Qual árvore você quer que ela seja? - Uma moça que trabalhava lá perguntou.

- Pode ser um ipê. Você pode fazer amarelo porque é a cor do pelo dela? Ela vai gostar mais.


Nadia só precisou esperar um pouquinho.


-Pronto aqui está - disse a moça entregando uma cápsula para a Nadia.

-Tá, mas cadê a Lidi?

-Ela está aí dentro. Você precisa enterrar isto em algum lugar e esperar. Uma vida não pode ser fabricada em instantes. Ela precisa se desenvolver no seu próprio tempo. A Lidi vai voltar, mas você precisa respeitar o novo tempo ela.

-Tudo bem, sem problemas - respondeu Nadia.


Nadia voltou para a casa e assim que chegou enterrou a cápsula no jardim. Nos primeiros dias, Nadia sempre ia até lá e tentava encontrar a Lidi. Coisa que não aconteceria tão cedo... Logo depois de um mês, Nadia já não ia mais todos os dias. Começou ser dia sim e dia não. Depois virou uma vez por semana, até que ficou mais espaçado ainda e tornou-se esporádico.


O Ipê levou 4 anos para dar suas as primeiras flores. Nadia já estava com praticamente 20 anos e essa a idade é complicada porque normalmente falta dois ou três anos para que o ser humano compreenda que não pode entender como a vida funciona. Só que com 20 anos costuma ainda não ser possível aceitar essa impotência, e isto faz com que seja um período turbulento e muito intrínseco na vida das pessoas. É como se você quisesse resolver uma questão que está dentro de você por tentativa e erro, e para isso você faz um monte de escolhas erradas, e ainda para ajudar você nem sabe que está vivendo esse momento. Meio complicado de entender né? Mas não se preocupe, você vai descobrir como funciona.




Nadia estava exatamente neste período da vida e para poder fazer mais escolhas erradas, com o intuito único e exclusivo de resolver a questão, ela quase não parava mais em casa. Percebendo isto, Lidi começou a sentir que provavelmente a sua amiga mais preciosa precisasse de ajuda e foi nessa mesma época que ela resolveu dar a sua primeira flor.


Nadia já tinha se esquecido que a amiga iria florescer algum dia e, portanto nem esperava mais. Por isso, quando aconteceu, ela ficou surpresa e saiu correndo para o quintal:


- Lidi é você? Quanta saudades eu senti. Você vai ficar para sempre agora? O seu novo pelo é tão mais amarelo e cheiroso. Não é mais macio como antes, mas ele é perfeito desse jeito também.


A Lidi não respondeu, mas como Nadia a conhecia muito bem, ela sabia que o silêncio significava algo como: “eu estou diferente, não sei se estarei de novo para sempre, mas sei que sempre que você precisar e a estação, o sol e o vento, permitirem, eu estarei por aqui”.


Aquele reencontro significou muito para a Nadia. Embora, seja verdade, ainda tenha demorado um tempo para ela conseguir resolver a questão dos 20 anos. Porém, o que importa de verdade é que Nadia se sentiu menos só, o que ajudou muito.


Com o passar dos anos, Lidi foi dando cada vez mais flor e Nadia reparava que isso acontecia sempre ali por agosto ou setembro. Então, ela prepara o jardim para esperar a amiga. Nadia fez isso por vários anos, até não conseguir mais.


O mais bonito nessa história é que as duas passaram a maioria das primaveras juntas, se espalhando pelo quintal. Lidi realmente nunca morreu de verdade e todo ano esparramava seus ipês pelo quintal e isso, para Nadia, sempre lembrou quando elas se não comportavam como moças correndo, rolando, e se sujando de terra pelo quintal. Embora, seja verdade, no resto do tempo ela tenha demorado para entender e se acostumar os novos costumes da amiga.


Um dia Nadia recebeu uma carta do lugar que transforma cachorro em árvores:


-A vida muda. A Lidi mudou. Mas a essência dela continua e eu sei que você consegue sentir isso. Você pode até sentir falta de como a Lidi era, mas eu sei que você gosta de quem a Lidi se tornou. A Lidi como era antes não pode mais existir, mas assim, desse jeito, ela ainda pode e continua existindo.


Nadia guardou essa carta com carinho em seu pensamento e normalmente quando havia outra idade complicada, porque sempre há, ela procurava lembrar dessas palavras porque isto a ajudava a não se sentir mais tão só.


 

Perguntas para guiar a descoberta de interpretações:


1. O que essa história te faz sentir?

2.O que você achou de Nadia ter transformado Lidi em um Ipê?

3. Você transformaria alguém em alguma Árvore? Quem? Por quê?

4. A mãe de Nadia tem uma opinião particular de como moças deveriam se comportar. Você concorda com ela?

5. Nadia às vezes se sentia só, para você porque ela sente isso? Você já se sentiu assim alguma vez?


Lembre-se: não existe resposta certa ou errada, quando o assunto é Literatura. No máximo, opiniões e interpretações diferentes!

 

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